Introdução:
Ter como função
proteger um organismo de qualquer componente externo num mundo de milhares de
componentes internos e de uma imensidão de prováveis invasores fez do sistema
imunológico, ao longo da evolução, um dos sistemas biológicos mais complexos.
Pela sua importância vital e talvez pela sua transparente complexidade, o
sistema imunológico sempre produziu um grande fascínio sobre os cientistas,
fascínio este comparável ao dedicado ao sistema nervoso, talvez por suas
semelhanças no que se refere à memória, comunicação e inteligência. O
conhecimento adquirido sobre o sistema imunológico, principalmente sobre a
produção de anticorpos, conduziu a uma revolução nas técnicas usadas nas
ciências biológicas. Atualmente uma grande parte dos métodos bioquímicos e
histológicos lança mão desta poderosa ferramenta chamada anticorpo para
alcançar os seus objetivos. Acredita-se que os métodos imunológicos, ao lado da
biologia molecular, estão entre os maiores avanços em termos metodológicos conseguidos
nos últimos 25 anos.
Os métodos imunológicos
estão distribuídos amplamente tanto na pesquisa como na análise bioquímica.
Dentre as diversas vantagens destas técnicas, duas parecem ser as mais
importantes para o grande sucesso destes métodos: A grande especificidade
facilmente conseguida com os anticorpos e a grande sensibilidade destes métodos
além da imensa diversidade e maleabilidade destas técnicas, uma vez que
praticamente todos os componentes usados nestes métodos podem ser interligados,
basta utilizar as pontes adequadas. Estas características fizeram dos métodos
imunológicos de grande utilidade em várias áreas das ciências biológicas e
médicas, sendo o seu conhecimento fundamental tanto nas ciências básicas como
nas aplicadas.
Aplicações:
Os exames imunológicos
são utilizados principalmente:
* Como métodos Laboratoriais Clínicos para a Detecção de Antígenos e
Anticorpos
* Como métodos laboratoriais clínicos para detecção da Imunidade Celular
* Como técnicas de genética molecular para a análise clínica do sistema
imunológico
* Em testes de Histocompatibilidade
* Em teste Imunoematológicos para manutenção de Bancos de Sangue
(No
decorrer das postagens desse blog, serão apresentados e discutidos cada um dos diversos
métodos e aplicações dos exames imunológicos, procurando sempre manter um
enfoque bioquímico.)
Porém, antes de iniciar o estudo, gostaria de introduzir alguns
conceitos fundamentais remetentes ao campo da Imunologia, que provavelmente os
senhores já conhecem ou ouviram falar:
Órgãos do Sistema Imune |
Imunidade: conjunto de processos fisiológicos que permite ao
organismo reconhecer corpos estranhos e responder contra os mesmos.
Sistema imune: conjunto de moléculas, células, tecidos e órgãos
que trabalham juntos para defender o organismo contra a ação de agentes
estranhos.
Resposta imune: resposta coordenada e coletiva das
células e
moléculas do sistema imune em resposta a um agente
estranho
Agentes estranhos:
- Agentes
infecciosos (função fisiológica do sistema imune)
- Células
cancerígenas
- Órgãos
transplantados
- Células
e tecidos próprios (autoimunidade)
Resposta Imune |
Sistema imune fraco: não dá conta do recado
Sistema imune hiperativo: ataca os próprios tecidos
Sistema imune em equilíbrio: eficiente contra agentes nocivos
A infecção é conceituada como a
reprodução e o desenvolvimento
de
micróbios patogênicos (que provocam doença) no hospedeiro.
A inflamação, também
chamada de processo inflamatório, é uma resposta natural do organismo contra
uma infecção ou lesão, com o objetivo de destruir os agentes agressores.
Quando há lesão
ou infecção de um órgão, são libertadas substâncias no organismo como a
histamina, que originam a resposta inflamatória. Estas substâncias
aumentam a irrigação sanguínea no local da lesão, produção de substâncias
inflamatórias que aumentam a permeabilidade dos vasos sanguíneos e também
quimiotaxia, um processo químico pelo qual as células do sangue como
neutrófilos e macrófagos são atraídos para o local da lesão.
Agentes patogênicos (antígenos) (Ag): agentes biológicos
capazes
de causar doenças ao organismo biológico. Induzem uma resposta imune por causar
uma produção de anticorpos e ou linfócitos sensibilizados que reagem
especificamente com a substância.
Anticorpo (Ac): proteína do soro que foi induzida por um antígeno
e
reage de forma específica e com alta afinidade com o mesmo.
Linfócitos são as principais células responsáveis pela resposta
imune
Linfócitos NK: fazem parte da
defesa imediata do corpo: são células grandes que atuam principalmente contra
células cancerígenas e infecções virais
Linfócitos T: protegem contra vírus, fungos e bactérias
e são responsáveis por diferenciar as células do organismo de corpos estranhos.
Distúrbios na sua função de reconhecer o antígeno podem causar doenças autoimunes
Linfócitos B: têm a função de produzir os anticorpos que atuam no
reconhecimento e destruição do antígeno: estimulados e convocados pelos
linfócitos T, são responsáveis por desenvolver a chamada memória imunológica
Memória Imunológica: é a capacidade que o
sistema imune possui de reconhecer e responder rápida e efetivamente a
patógenos encontrados anteriormente, refletindo a persistência de populações
clonais de linfócitos específicos ao antígeno. (esse conceito por ser muito importante para os métodos imunológicos, será aprimorado e discutido no decorrer do blog)
Órgãos linfóides primários: Timo e Medula óssea.
Órgãos e tecidos linfóides secundários: Nódulos linfáticos, baço,
tecidos linfóides associados ao intestino, amígdalas.
Imunoglobulinas: São cadeias de proteínas produzidas pelos
linfócitos B
que têm a
função de reconhecer, neutralizar e marcar os antígenos para que estes sejam
fagocitados pelos macrófagos.
Fontes:
http://adm.online.unip.br/img_ead_dp/39315.PDF
http://www.ufrgs.br/biofisica/Bio10003/MIMUNO.pdf
http://drauziovarella.com.br/corpo-humano/linfocitos/
http://www.infoescola.com/biologia/memoria-imunitaria/
http://www.tuasaude.com/inflamacao/
Imunologia Médica - Daniel P. Stites &
Abba I. Terr & Tristam G. Parslow & John B. Imboden
Desvendar o sistema imunológico humano foi e está sendo um estudo muito bem sucedido, uma vez que, conhecer a forma de como o corpo reconhece e trata os organismos invasores (antígenos) abre horizontes sobre formas mais eficientes no que tange o descobrimento e tratamento de doenças. Infelizmente, muitos avanços científicos nessa área não estão à plena disposição da sociedade, visto que vários fatores são obstáculos, tais como a falta de incentivo das grandes empresas, o monopólio das patentes, ou o custo alto dos procedimentos laboratoriais. São exames de grande ajuda em vários casos, todavia sua influência poderia estar mais expandida, pois é um fator divisor de águas na vida dos pacientes. Tomando como exemplo as doenças autoimunes, exames que detectam essas trazem uma grande diferença no contexto do enfermo, pois são doenças de difícil diagnóstico.
ResponderExcluirÉ de extrema importância conhecer como as nossas defesas fazem seu trabalho. Entender como elas atacam e promovem o extermínio dos agentes invasores é dar um passo para saber o tratamento e/ou a cura para enfermidades que são consideradas bichos de sete cabeças. O mundo da terapia deu um grande passo à frente quando descobriu que tipo de agente é combatido por cada tipo de célula imunológica. Em países cheios de epidemias como o nosso, entender a relação dessas epidemias com o sistema imunológico é fundamental. Hoje pesquisadores apontam seus olhares para a dengue e descobrem coisas fantásticas. Monócitos circulantes e células dendríticas têm sido considerados como as principais células alvo para a replicação do vírus da dengue, um arbovírus da família Flaviviridae. Vírus são isolados de monócitos circulantes ou células dendríticas da pele após a infecção humana. Os vírus ativam as células alvo, induzindo a liberação de monocinas, derivados do ácido aracdônico, óxido nítrico, etc.
ResponderExcluirFonte
ExcluirDengue: diagnóstico, tratamento e prevenção
Autor: Luiz José de Souza
O sistema imunológico humano é genial. Ele consegue lutar contra uma "ameaça" muitas vezes sem afetar o resto do corpo, o que é uma demonstração de evolução clara. Como exemplo podemos falar dos mastócitos do tecido conjuntivo, encontrado na pele e na cavidade peritoneal, cujos grânulos possuem uma substância anticoagulante: a heparina, que possui a capacidade de provocar uma reação alérgica local.
ResponderExcluirA imunidade certamente perpassa pela evolutiva do ser humano, e sofre tantas adaptações quanto a espécie humana. Afinal, à medida que somos expostos a mais patógenos, nossa imunidade é reforçada. Isso é perceptível quanto tomamos exemplos históricos de como as guerras entre povos distintos foram permeadas de embater biológicos também: uma das formas de que os portugueses dispuseram para exterminar as populações indígenas no Brasil foi a transmissão de doenças às quais os índios, imunogenicamente frágeis, nunca tinham tido contato.Bioquimicamente, pode-se também relacionar com vários exames laboratoriais que medem, não um patógeno específico, mas a presença de anticorpos contra aquele patógeno(como é o caso do teste anti-HIV).
ResponderExcluirÉ interessante notar que nem sempre o sistema imunológico age como o desejado e pode se altamente nocivo ao causar reações imunológicas exageradas a substâncias estranhas ao organismo(alergia), ou quando se manifestam na forma de doenças autoimunes em que as células imunitárias atacam outras células do próprio organismo. A diabetes mellitus tipo 1 , por exemplo, é causada por um ataque imunológico às células beta do pâncreas , que produzem insulina.
ResponderExcluirO uso dos conceitos e e entendimento do mecanismo de defesa do ser humano, é de extrema importância para a formulação e fabricação de remédios, vacinas e soros para o combate de infecções e a antígenos que atingem o nosso corpo. É fato que ainda há muito o que ser esclarecido a respeito do sistema imunológico humano e as infindáveis contribuições dessas descobertas para a determinação de cura de alguma doenças ainda crônicas e para melhora da vida e saúde da população.
ResponderExcluirOs exames imunológicos têm, principalmente na medicina clínica, importância fundamental. Afinal, existem infecções oportunistas que só surgem em pacientes com imunidade comprometida, e existem deficiências imunológicas que podem ser explicadas em parte por alguns tipos de câncer. Enfim, um exame bioquímico que evidencie a condição imunológica do paciente é essencial no que tange ao processo de direcionamento de diagnóstico.
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