terça-feira, 11 de novembro de 2014

Ensaios Líticos e Testes do Sistema Complemento



O complemento é um termo coletivo para um sistema de pelo menos 20 proteínas séricas que destroem células estranhas e ajudam a remover materiais estranhos. A deficiência de complemento pode aumentar a susceptibilidade à infecção e pode predispor o paciente a outras doenças. Portanto, os ensaios de complemento são indicados em pacientes com doença imunomediada conhecida ou suspeitada ou com resposta repetidamente anormal à infecção. Diversos métodos de laboratório são utilizados para avaliar e medir o complemento total e seus componentes; o teste hemolítico, a nefelometria a laser e imunodifusão radial são os mais comuns. 

Apesar dos testes de complemento fornecerem informação valiosa sobre o sistema imune do paciente, os resultados devem ser considerados à luz de testes de auto-anticorpo e imonuglobulina sérica para o diagnóstico definitivo de doença imunomediada ou resposta anormal à infecção.
 
O Sistema Complemento é composto por proteínas de membrana plasmática e solúveis no sangue que participam das defesas inatas (natural)e adquiridas (memória). Essas proteínas reagem entre si para opsonizar os patógenos e induzir uma série de respostas inflamatórias que auxiliam no combate à infecção. Inúmeras proteínas do complemento são proteases que se auto-ativam por clivagem proteolítica. Os complementos pode agir através de três vias: Via Clássica, via da Lectina e Via Alternativa. 



A fração C3 é um dos nove componentes principais do complemento total, atua na resposta imunológica humoral e é ativada pela via clássica e pela alternativa. Outro componente, a fração C4 participa somente da via clássica de ativação do complemento e atua na resposta imunológica humoral. Sua deficiência tem caráter autossômico recessivo e resulta numa diminuição da resposta a infecções. Níveis elevados aparecem como uma resposta à fase aguda em numerosos estados inflamatórios e associados a processos malignos. Níveis reduzidos podem ser vistos nas doenças por imunocomplexos, doença do soro, colagenoses e nas deficiências congênitas. É de grande utilidade no diagnóstico diferencial das glomerulonefrites pós-estreptocócicas, que cursam com C3 diminuído e C4 em níveis normais.




Ensaios Hemolíticos por fixação do Complemento

A ligação antígeno-anticorpo promove a fixação do complemento, cujo consumo, invitro, pode ser empregado para detectar a presença de anticorpos, antígenos ou ambos. O teste utiliza um sistema homogêneo e é realizado em duas etapas. Na primeira etapa, o antígeno é incubado, na fase fluida, na presença de uma quantidade definida de complemento. Se o antígeno e o anticorpo correspondentes estiverem presentes, a cascata do complemento será ativada pela via clássica e haverá consumo de complemento. Na segunda etapa, adiciona-se o sistema indicador da reação que consiste em hemácias de carneiro sensibilizadas com hemolisina (anticorpo contra hemácias de carneiro, obtido em coelhos) numa dose subaglutinante de anticorpo. A medida da atividade hemolítica do complemento no sistema indicador permite determinar a presença ou não de antígeno ou anticorpo na mistura inicial e sua quantidade. A atividade hemolítica remanescente pode ser quantificada empregando-se diluições seriadas da amostra a ser analisada. As variáveis passíveis de influenciar o grau de hemólise incluem a concentração de eritrócitos, sua fragilidade, a quantidade de anticorpo utilizada para sensibilização, a natureza do anticorpo (IgG ou IgM) e a presença de imunocomplexos pré-formados ou fatores anticomplemento no soro do paciente.


Tanto o anticorpo como o antígeno não podem ativar o complemento separadamente. O complemento deve ser obtido de soro de cobaia e colhido e estocado de maneira apropriada para preservação da atividade hemolítica. Anticorpos humanos IgM, IgG1, IgG2 e IgG3 fixam complemento pela via direta, enquanto o IgA fixa complemento pela via alternativa.
 
Atualmente, embora haja testes bem mais sensíveis, ainda é utilizado na sorologia da doença de Chagas, da sífilis e de vários vírus, rickettsias e fungos. Apresenta a vantagem de poder ser empregado para diferentes sistemas sem mudar os parâmetros do teste, porém é complexo e trabalhoso.

Complemento do CH 50

Teste que quantifica a atividade total do complemento sérico (via classica). As proteínas do complemento aumentam em resposta a processos inflamatórios ou infecciosos (resposta aguda) e diminuem ou estão ausentes no hipercatabolismo, deficiência hereditária ou consumo por formação de imunocomplexos (glomerulonefrites, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide).

A avaliação laboratorial inicial de pacientes com suspeita clínica de deficiência de componentes da via clássica do sistema complemento é realizada por meio de um exame de triagem que avalia a atividade funcional desta via. O termo CH50 se refere ao método clássico da hemólise em tubo. O resultado do CH50 é o recíproco da última diluição do soro do paciente capaz de promover a lise de 50% dos eritrócitos de carneiro sensibilizados com IgG de coelho.

Fontes:
http://www.biolabor.com.br/exame.php?ref=19427
http://www.labes.com.br/complemento_total_e_fra%C3%A7%C3%B5es.htm
http://www.sergiofranco.com.br/bioinforme/index.asp?cs=Imunologia&ps=complementoFracaoC3C4
http://sitebiomedico.br.tripod.com/infeccoes.htm
Ferreira, A. Watter; Ávila, Sandra L.M. Diagnóstico Laboratorial .1996, editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro - RJ.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_complemento



 


8 comentários:

  1. Para verificar a integridade do sistema complemento realiza-se ensaios hemolíticos para as vias clássica e alternativa de imunodefesa do organismo (CH50 e AP50). A metodologia proposta é aplicar em indivíduos normais para a padronização dos testes. O burst oxidativo avaliado pelo teste da dihidrorodamina (DHR) foi aplicado em 101 indivíduos saudáveis e em paralelo, 50 indivíduos sadios para o teste do NBT, o que mostrou ser sensível e preciso para o diagnóstico de DGC ( Doença Granulomatosa Crônica) e portadores de DGC, porém pode detectar outras alterações de fagócitos na imunologia humana.
    Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=198447

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  2. Alguns microrganismos desenvolveram meios de evitar a opsonização e a ação lítica do SC. Este mecanismo é conhecido como subversão imune. O bacilo da tuberculose é capaz de cobrir-se com a proteína C3 e invade os macrófagos através da interação com receptores do SC. Os vírus também possuem essa capacidade de fugir ao ataque imune mediado por anticorpos e SC. O herpesvírus e o coronavírus codificam proteínas ligantes às porções Fc de IgG, que inibem a atividade dessas imunoglobulinas. O herpesvírus, assim como o vaccinia vírus e o vírus da imunodeficiência humana (HIV) tipo 1 têm a capacidade de interferir no SC, tanto por incorporação nos seus envelopes de proteínas reguladoras do complemento, como por expressão de moléculas virais que mimetizam a função dessas proteínas reguladoras. O vírus do HIV tem, ainda, uma proteinase que cliva o componente C3. O vírus do herpes simples tipo 1 (HSV-1) tem glicoproteínas gE, gI e gC, que o protegem do ataque imune; gE/gI formam um complexo que se liga ao domínio Fc de uma IgG, enquanto que gC liga-se à proteína regulatória de C3b.
    Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302001000100029

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  3. As técnicas de Ensaios Líticos e Testes do Sistema Complemento são utilizados para detecção de vários patógenos. Dentre esses temos o rotavírus. Alguns estudos estabeleceram a relação etiológica entre os rotavírus e determinados quadros de gastroenterites infantis. Além disso, nos chamados países em desenvolvimento, as gastroenterites por rotavírus parecem constituir-se num quadro de relativa frequência o que faz com que sua detecção seja de extrema importância. A reação de fixação do complemento, muito embora constituísse um método de simples execução, tinha seu uso limitado pela elevada frequência com que os extratos fecais se mostravam anticomplementares, o que dificultava seu uso. Para reduzir isso, novos estudos buscaram descrever um método para eliminação da anticomplementaridade dos extratos fecais, com o que passou esta reação a ter mais amplas possibilidades de utilização rotineira, na identificação de rotavírus. Isso é válido porque outros métodos de identificação são muito caros e impraticáveis (o custo elevado deste tipo de exames é restritivo para um grande número de laboratórios), restando assim as técnicas de fluorescência em cultura celular, de contraimunoeletroforese e de fixação do complemento que pela sua simplicidade e baixo custo se tornam mais acessíveis.
    Fonte: http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0034-89101980000300013&script=sci_arttext

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  4. Dependendo do método analítico empregado, o exame laboratorial utilizado para a avaliação da via clássica do complemento pode ser denominado de duas formas: CH50 ou CH100. O termo CH50 se refere ao método clássico da hemólise em tubo. O resultado do CH50 é o recíproco da última diluição do soro do paciente capaz de promover a lise de 50% dos eritrócitos de carneiro sensibilizados com IgG de coelho.

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  5. Em relação ao teste de complemento do CH 50, a avaliação laboratorial inicial de pacientes com suspeita clínica de deficiência de componentes da via clássica do sistema complemento é realizada por meio de um exame de triagem que avalia a atividade funcional desta via. Dependendo do método analítico empregado, o exame laboratorial utilizado para a avaliação da via clássica do complemento pode ser denominado de duas formas: CH50 ou CH100. O termo CH50 se refere ao método clássico da hemólise em tubo. O resultado do CH50 é o recíproco da última diluição do soro do paciente capaz de promover a lise de 50% dos eritrócitos de carneiro sensibilizados com IgG de coelho.
    Já o termo CH100 se refere ao método de imunoensaio enzimático. Após a ativação da via clássica do complemento nas cavidades da microplaca, seus componentes terminais são revelados por anticorpos específicos conjugados a enzima. Está é a técnica atualmente empregada no Hermes Pardini. Os resultados qualitativos da atividade da via clássica em ambos os exames apresentam alta concordância. Em todos os casos citados , tem-se como objetivo a dosagem da Atividade Total do complemento ou dosagem de Complemento Total. Portanto, CH50, CH100 ou Complemento Total são formas distintas de se descrever um mesmo exame. Preservaram-se as nomenclaturas em função do número elevado de solicitações descrevendo os termos mais antigos (CH50 e CH100), além de permitir uma maior cobertura por parte das operadoras de saúde.
    Fonte: http://www.biolabor.com.br/exame.php?ref=19427

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  6. Nos mamíferos, o SC tem um papel importante nos mecanismos de defesa inatos e adquiridos. Trata-se de um sistema antigo de defesa, já presente nos deuterostomos invertebrados. Nessa espécie, assim como nos agnathans (as espécies vertebradas mais primitivas), a via alternativa está presente, e o SC parece estar envolvido principalmente na opsonização de material estranho. Com a emergência das imunoglobulinas no peixe cartilaginoso, aparecem também as vias clássica e lítica. O resto das espécies pecilotérmicas, desde os teleostos aos répteis, parece ter um SC bem desenvolvido, lembrando aquele dos vertebrados homeotérmicos. Contudo, há diferenças importantes que permanecem. Ao contrário dos homeotérmicos, diversas espécies de pecilotérmicos atualmente possuem múltiplas formas de componentes do SC (C3 e fator B), que são estrutural e funcionalmente mais diversificados do que nos vertebrados mais evoluídos. É notório que as formas múltiplas de C3 que foram caracterizadas em vários peixes teleostos são capazes de ligar-se a várias superfícies que ativam o SC4.

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    1. Referências:
      http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302001000100029

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  7. Um estudo, citado na fonte, concluiu que os fatores C3 e C4 podem ser usados no diagnóstico de asma atópica intermitente. Por meio da determinação dos níveis séricos dos componentes C3 e C4 do complemento em 70 crianças com história de "chiado no peito”" entre 3 e 14 anos, constatou-se que os valores observados no grupo de crianças portadoras de asma atópica intermitente mostraram aumentos significativos para: C3 em 85,0% das crianças; C4 em 87,5%; C3 e C4 em 72,5%; C3 ou C4 em 97,5%, quando comparados aos valores observados das crianças sem asma e da mesma faixa etária.

    Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0021-75572011000600009&script=sci_arttext

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